segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Ter ou não

Animais de estimação e suas terapias
Ter um bicho pode ajudar seu filho a exercitar o senso de responsabilidade, a vencer a timidez e até deixá-lo mais inteligente. Entre as primeiras 50 palavras que uma criança diz, sete são nomes de animais. Elas amam tanto os bichos, que, segundo Dr. Marty Becker, autor do livro O Poder Curativo dos Bichos (ed. Bertrand Brasil), cachorro e gato estão no mesmo nível de papai e mamãe. Mesmo assim, confesse: quando seu filho pede um cachorro, a primeira reação é dizer “nem pensar”. Só de imaginar o trabalho, já viu... Cocô para limpar, gastos com ração, veterinário... A lista é grande, mas bem menor que a dos benefícios que um bicho de estimação é capaz de trazer, pode acreditar. Ao conviver com um animal, a criança exercita a capacidade afetiva, aumenta a autoestima, a confiança e o senso de responsabilidade: aprende a cuidar de um outro ser. “O cachorro mexe com o emocional”, diz Marisa Martinez Solano Pereira, avó de Pedro e Maria Luiza, presidente da ONG Zooterapia, que tem como objetivo promover o desenvolvimento humano de crianças e adolescentes por meio do contato com animais. Um estudo feito pelo professor de Desenvolvimento Humano e Estudos de Família, da Universidade Estadual do Kansas, Robert Poresky, constatou que as crianças que tinham algum bicho de estimação possuíam nível superior de desenvolvimento cognitivo, social e motor. Ou seja: ter um bicho até pode deixar seu filho mais inteligente. A maneira com que a criança vai se relacionar com o animal funciona como um ensaio do que vai encontrar vida afora. Assim como o ser humano, o cachorro responde ao tratamento que recebe. Seu filho vai gostar do cão, mas sentirá raiva quando ele não obedecer, medo se ele avançar, ficará decepcionado se ele fizer xixi fora do lugar. “É mais um espaço para a criança exercitar seus sentimentos. Se ela percebe que o cachorro não precisa ser perfeito para ser amado, também entende que não precisa acertar em tudo para ser amada por seus pais”, diz Sabine Althausen, filha de Sonia e Reinhold, psicóloga da ONG Zooterapia, que estuda a relação entre pessoas e animais. No convívio com gatos, o que vai se praticar é o respeito. “Ele é mais reservado e o jeito de brincar é diferente”, conta Sabine. Por ser uma relação menos afetuosa, é necessário ter mais cuidado e respeitar o tempo do outro. Até a morte do animal pode trazer ensinamentos. “A criança vive o luto e é capaz de entender o ciclo da vida”, afirma Sabine.MEU FILHO É ALÉRGICO, E AGORA?Alergia ao pêlo de animais não é tão comum quanto a gente costuma pensar. Porém, se o seu filho tem rinite alérgica ou asma é bom tomar alguns cuidados antes de comprar um filhote. Procure um alergista e faça o teste. “A criança que tem alergia a pó não necessariamente é alérgica ao pêlo de animais”, conta Dra. Rosane Bleivas Bergwerk, mãe de Priscila e Débora, alergista e pneumologista infantil. Se o sintoma pode ser constatado, aí o melhor é pensar em um peixinho. Caso o animal já esteja em casa, o ideal é que você se livre dele. Se não tiver jeito, calma. Em último caso é possível continuar com o bicho, mas com algumas precauções: deixá-lo no quintal e dar banho duas vezes por semana. Em casos de asma, a situação é mais delicada. Separar o animal da criança pode desencadear crises, já que a doença é ligada a fatores emocionais. Discuta a situação com o médico dela. DOUTOR COM QUATRO PATASEm alguns tipos de tratamento, os próprios bichos são os principais terapeutas. A equoterapia (tratamento que usa cavalos), por exemplo, auxilia na reabilitação de adultos e crianças com deficiência. O contato com o animal proporciona autoconfiança, melhora o equilíbrio e a postura, estimula a força muscular, ajuda a superar fobias... O projeto Cão Terapeuta, idealizado pelo zootecnista e comportamentalista Alexandre Rossi, leva cachorros para visitar crianças internadas no Hospital do Câncer, em São Paulo. “O cão é livre de qualquer preconceito e vai ao encontro da criança sem discriminação.” Na ONG Zooterapia, a equipe é formada por adestradores, veterinários, pedagogos, psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Sempre com o cão como protagonista, há atividades escolares para ajudar no aprendizado e no tratamento de crianças com deficiência.